O período de adaptação na escola é uma etapa bastante delicada pela qual pais e crianças passam.
Para tentar entender e tranqüilizar a todos a respeito dessa fase vamos discorrer sobre algumas situações.
Tente imaginar, você adulto, ao enfrentar o primeiro dia em um novo trabalho ou ainda sozinho em uma festa, onde todos são seus desconhecidos. Sensação ruim essa, não é? Pois é. A adaptação da criança na escola pode demorar de um dia a meses dependendo da idade e do tipo de relação que tem com as pessoas mais queridas.
No berçário, até uns cinco ou seis meses de idade costumamos dizer que a adaptação é mais dos pais, que não sem razão, ficam apreensivos em ter que delegar os cuidados que até então eram feitos só por eles a outras pessoas. Até essa idade, apesar de poder estranhar um pouco a nova rotina o bebê, via de regra, ainda não estranha pessoas e essa transição costuma ser muito tranqüila.
Dos seis ou sete meses até quase três anos de idade é a idade mais trabalhosa, pois a criança já estranha e não consegue elaborar um raciocínio para compreender o que significa a escola, o que está fazendo lá e principalmente que os pais continuam a existir mesmo quando não estão diante de sua vista. Por isso é preciso ter muita tranqüilidade, paciência e principalmente confiança na sua escolha.
É importante que a mãe, o pai, avós ou alguém com quem a criança tem um vínculo afetivo forte a acompanhe nos primeiros dias. Essa pessoa deve ficar em algum espaço que a escola tenha reservado para isso enquanto que a criança reúne-se com a professora e os novos amiguinhos. Sempre que a ansiedade, insegurança ou choro resolverem aparecer, a criança vai ao aconchego desta pessoa para que saiba que tem um respaldo e que não foi abandonada. É imprescindível que os pais permitam essa aproximação, pois ela precisa formar vínculos com a professora e os novos amigos. Se os pais ficam dentro da sala de aula é claro que a criança vai ficar o tempo todo debaixo da proteção e não conseguirá estabelecer um relacionamento.
Aos poucos ela vai percebendo como é gostosa essa nova vida e entendendo o que significa a escola, aonde ela vai se socializar, desenvolver a coordenação, aprender a lidar com tempo, espaço, lateralidade, percepção, desenvolver a linguagem, pensamento lógico, aprender músicas, fazer artes plásticas, além de outras artes, lidar com a diversidade e elevar sua auto-estima além de muitos outros aspectos. É claro que ela não quer nem saber que está desenvolvendo tudo isso, pra ela é pura brincadeira e é isso o mais divertido, desenvolver todos esses aspectos de forma lúdica e saudável.
A partir dos quatro anos a adaptação costuma ser bem mais tranqüila, pois a criança já verbaliza bem e compreende o que está acontecendo. Neste caso um ou dois dias já costumam ser suficientes para que a criança se integre.
É comum neste início que a criança fique ansiosa, proteste para evitar enfrentar essa situação. Afinal a casa dela é um espaço onde já domina tudo e todos. Conhece tudo e sabe como conseguir as coisas com cada adulto que ela convive desde que nasceu. A escola irá lhe parecer em um primeiro momento um desafio que ela não está com vontade de enfrentar, o receio do novo. Por mais que os pais estejam apreensivos é importante procurar não passar essa preocupação à criança, mas sim ressaltar os pontos positivos, falando bem da escola, das novidades, dos amigos e brincadeiras. Os pais devem ainda tentar evitar de falar sobre as preocupações na frente da criança o que a deixará mais apreensiva. Dorzinhas de barriga, sono, manhas são esperadas nesse contexto.
Um aspecto difícil é muitas vezes o sentimento de culpa que passa pela cabeça dos pais de não poderem estar o tempo todo com seu filho, principalmente para as crianças que ficam período integral. Não há porque se sentirem assim, pois as crianças crescem, amadurecem e precisam de novas experiências com outros da mesma idade. Não é necessário se preocuparem, pois essa experiência, por mais longa e cheia de lágrimas dos dois lados, que seja, não traumatiza. Todos superam e certamente no futuro nem se lembrem desses primeiros dias na escola.
Essa fase pode parecer dolorosa, mas aos poucos, pais e criança começam a confiar na escolha que fizeram e a lidar com mais tranqüilidade e prazer com essa etapa que é fundamental na construção da personalidade da criança.
Karen Kaufmann SacchettoPedagoga e diretora da escola São Gabriel - São Paulo - SP
Disponível em: http://guiadobebe.uol.com.br/bb2a3/adaptacao_na_escola.htm
É com grande alegria que socializo que retomamos o PINTEI (Programa Integrado de Educação Infantil) iniciado há nove anos pelo Grupo Estudos Educação da Infância do Programa de Mestrado Acadêmico em Educação da UNIVALI, sob responsabilidade na época de Maria Helena Cordeiro e Eliana Behing. Atualmente, estamos estudando o livro "A educação infantil como projeto da comunidade" de Aldo Fortunati. Em breve, socializarei os encaminhamentos dos nossos estudos! Atenciosamente, Saionara Costa
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